Monday, February 26, 2007

Podia Ter Acontecido a Qualquer Um de Nós


Só ontem à noite, quando finalmente os efeitos nefastos do álcool começaram a desvanecer, fui capaz de me recordar de mais alguns pormenores da noite de Sábado...

Ainda não eram 6 horas da manhã quando por insistência de alguns seguranças e gerente fomos pressionados para abandonar o local. Um de nós evidenciava, mais que os outros, um visível e deplorável estado de embriaguez.
Joelhos flectidos, pés afastados, sempre a tentar compensar o equilíbrio, ou melhor, a falta dele, lá ia fazendo as correcções devidas – com um jogo de pés daqueles, via-se logo que lhe corre sangue brasileiro nas veias – os braços ligeiramente abertos como que se pretendesse abraçar o mundo, ou se calhar, apenas alguém que o ajudasse na dificílima tarefa de evitar malhar no chão da pista, o tronco arqueado e os olhos sempre a tentar focar o chão, não fosse ele fugir. A posição era a de um verdadeiro bebedolas. Qualquer comum mortal já estaria estatelado no chão horas antes. Anos e anos de aperfeiçoamento fizeram que, inconscientemente, adoptasse esta posição de defesa. No fundo é uma reacção muito primária, na Natureza existem centenas de exemplos práticos. Aliás, já no século XIX, Pavlov estudou o reflexo condicionado em cães.

Em uma das mãos insistia em segurar uma flute de champanhe, se bem que o liquido era entornado amiúde em todo o seu perímetro de acção, mas rapidamente reposto por outro de nós, que estando ligeiramente melhor – muito pouco – insistia em alimentar o nível do copo.
Era-mos três..., quer dizer, na verdade era-mos quatro. Porque a barwomam que já pedalava fazia horas, inclusivamente, encontrava-se em fuga deste os primeiros quilómetros, tendo já conquistado o prémio de montanha e tendo também assegurado o prémio da combatividade, encontrava-se já na estratosfera, prestes mesmo, a entrar no espaço sideral e, não se fazendo rogada, abandonava o seu local de trabalho juntando-se à festa.
Relutantemente, começamos a aproximar-nos da saída.

Entretanto, o que é que sucede?!...Ora sucede que o dono do bar dançante – não é bem dono, mas para o efeito é como se fosse – que se encontrava a conversar com alguns clientes reparou, a certa altura, na tentativa de um de nós – o mesmo que consistentemente lá ia evitando o contacto imediato de 1º grau com o chão – em vestir o casaco. A primeira manga foi fácil, a segunda revelou-se impossível! Ora, tentem vestir um casaco enfiando o vosso braço direito na manga esquerda...quem já experimentou – e eu já – sabe que é como se vestíssemos o casaco pela frente. Mas se insistirmos em que ele fique nas nossas costas, acabamos por nos enrolar no casaco, e, ao tentar-mos enfiar o outro braço na manga, acabamos por efectuar tentativas aéreas do movimento de meter o braço no "buraco" sem nunca o conseguirmos, porque, simplesmente, não está lá manga nenhuma! Com certeza, que já viram uma daquelas cenas onde um cão, irritado com a própria cauda e num acto de fúria, gira em torno de si próprio tentando alcançar e morde-la. Assim era ele! Esteve para ali meio minuto sem perceber que raio estava a correr mal, até que, o dono do local, num manifesto acto de generosidade e revelando um profundo sentimento cristão, o foi ajudar. Enquanto isso, nós os dois, estávamos demasiados ocupados, agarrados às nossas barrigas, tentando secar as lágrimas que caíam em catadupa pelo rosto. Não íamos nós quebrar aquele momento de genuína comunhão com a estupidez, preterindo-o por um inconsequente auxílio, que apenas resultaria no cessar de uma situação profundamente engraçada.
Mal o casaco assentou nos seus ombros, transparecia na sua cara um sentido momento de regozijo pessoal por tal feito, um sentimento de objectivo cumprido, como se dissesse alto e a boa voz, "Estão a ver, é assim que se veste um casaco! ok!!". Durou apenas dois míseros segundos, com incrível rapidez, despiu o casaco, e, irado, atirou para o chão. De seguida, apanhou-o e tentou vesti-lo...tudo de novo!
Compreendi, entretanto, e para meu desespero, que estava designado para os levar a casa, e pensei cá para mim "Isto não vai ser nada fácil!", não sabia eu, o quão árduo, a tarefa acabou por se revelar...!!!

1 comment:

j-adn said...

os amigos de alex