De saida do Starbucks, em plena Recolletos, frapuccino ainda a escorrer pelas mãos, vejo-me ensarilhado numa multidão de bandeiras de Espanha, autocolantes Por La Libertad, cachecois com o Toro da Osborne, gritos e palavras de ordem. Mas o que é que eu estou aqui a fazer? Pergunto a uns marchantes que vem a ser aquilo, dizem-me que vamos protestar contra o levantamento da pena a um Etarra. Que vamos marchar contra o terrorismo. Contra o Zapatero, contra o Governo, contra o que mais houver.
- Ouça, jáo são 3 da tarde e ainda tenho roupa para ir lavar, não vou marchar contra ninguém.
Já de autocolante no bolso, sigo a manifestação por ruas secundárias, pensando eu inicialmente que as mesmas estariam mais tranquilas. Erro.
Durante quase 3 horas ando em circulos pelo centro de Madrid tentando encontrar por onde sair, de uma multidão de pessoas que me parece cada vez maior; 2,5 milhões de pessoas, segundo dados do El Pais.
Nunca tinha tentado fugir de 2,5 milhões de pessoas, e afianço que não é fácil. Por trechos de tempo, vencido, deixei-me ficar, fui vendo o desenrolar da pelicula, o chegar das personalidades. Questionei-me se não seria obrigação minha envolver-me na vida civica da cidade que agora também é minha. Se não deveria solidarizar-me. Conclui que não conheço o suficiente da história, para tomar assim partido.
Se a politica de Zapatero me parece a mais adequada? Não. Nunca considerei a hipotese de negociar com terroristas como válida. Mas não foi este mesmo povo que anda na rua que deu o poder a Zapatero? Desmemoriados ou militantes do PP, quiça foi esta mesma gente que entrou para a história ao eleger um lider com base num atentado dias antes. Provavelmente foi este mesmo povo que preferiu arriscar num quase desconhecido, ao aústero Aznar. Talvez o mesmo povo que ouvi no sábado chamar outra vez Señor Presidente a José Maria Aznar, passando Mariano Rajoy para 2º plano, e Zapatero para criminoso politico.
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