Entro por corredores cobertos de dourados velhos, tapetes comidos pelas solas, quadros de ilustrações baratas, cheiro a mofo. Diz-me que se ficar vou compartir o piso com um abogado e com um periodista.
Pergunto-lhe pela cozinha, e pelo ar ofendido julgo ter feito a pergunta errada.
-Pensas coziñar? Esso no me gusta.- explica-me que faz muito lixo, que nem pensar nessas algazarras.
Digo-lhe que sou um moço asseado, mas isso não a parece convencer.
Passamos á sala coberta de colchas de rendas nas costas dos sofás, de gatos de louça, de meia sandes que o filho mais novo comeu antes de ir para a escola. Observo objectos metálicos de aparência estranha em cima de uma mesa. Pergunto-lhe para que servem a titulo de conversa de ocasião.
- Isso és de mi trabajo.
-E a senhora faz o quê?
- Yo? Yo soy matrona. Ayudo niños a llegar al mundo.
Agradeço e saio porta fora.
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